quinta-feira, 18 de junho de 2009

Artistas revelam olhar sobre os festejos juninos

Por Gabriel Cardoso

O poder que o folclore possui de ser representado artisticamente promove o surgimento de especialistas em retratar as danças, lendas, práticas e os folguedos de seu povo. Valendo-se dessa característica, as tradições juninas, por serem expressões folclóricas, recebem homenagens de diversos artistas, principalmente os nordestinos.

Para o pintor Joel Dantas, todas as manifestações da cultura popular carregam em seu bojo significados muito valorosos para aqueles que se consideram representados por elas. “A representatividade dos símbolos, que preenchem cada uma dessas manifestações, incentiva o sentimento de orgulho de fazer parte de uma comunidade culturalmente reconhecida”, afirma com convicção o artista nascido no sertão da Bahia, mas que ainda menino veio com a família para Aracaju.

Três quadros de Dantas, atualmente expostos na galeria Álvaro Santos, revelam um olhar sensível sobre duas tradições juninas. Dois deles retratam a pirotecnia do período e o terceiro mostra um grupo de músicos tocando tambores. As telas fazem parte da exposição “Coletiva Junina 2009”, que acontece há mais de 10 anos e, na edição atual, apresenta ao público 35 obras de 29 artistas nascidos ou radicados em Sergipe.

Artista especializado em abordar temas juninos, pode-se dizer que Joel Dantas é um veterano da “Coletiva Junina”. “Como eu já trabalho com essa temática há algum tempo, sou chamado com regularidade para participar de exposições desse tipo. Inclusive, em 2003, fiz uma exposição individual toda dentro dos temas juninos. Envolvia pirotecnia, quadrilhas, bandas de pífano, bacamarteiros, entre outros”, disse.

Segundo o próprio Joel, sua motivação, e também inspiração, para pintar quadros está em grande parte relacionada às lembranças da infância no então povoado Marcação, onde hoje é o município de General Maynard. “Foi em Marcação que me despertou o gosto em soltar fogos e nas outras tradições do São João de Sergipe. Porém, o interesse pelo desenho e pela pintura só me ocorreu quando vim para Aracaju, aos oito anos”, lembra.

Além dos quadros de Joel Dantas, outro destaque da “Coletiva Junina 2009” são as fotocomposições de Adriana Hagenbeck. O trabalho da artista aracajuana é no mínimo curioso. Sob os títulos de Fotocomposição Culinária I e Fotocomposição Culinária II, os trabalhos mesclam elementos da pintura, da fotografia e da arte culinária.

Adriana, que é dona de um restaurante no Centro da cidade, produziu uma espécie de “arraiá” utilizando como material verduras, raízes e um caramelo especial. “Para fazer as bandeirolas, utilizei beterraba, cenoura, chuchu e batata. Para envolver as bandeirinhas, fiz o desenho com caramelo balsâmico”, explica.

Á primeira vista, os quadros de Adriana parecem duas pinturas. Ao se aproximar das molduras percebe-se a ilusão. Ilusão que ganha mais força quando, vendo o nome das obras, é possível notar que os trabalhos são também fotografias, ou seja, Adriana produziu toda a composição com os já citados ingredientes e, por último, fotografou tudo. O resultado foi um dos trabalhos mais originais da exposição. “Eu fiquei muito satisfeita com estes trabalhos porque, além de unir duas paixões, que são a culinária e as artes plásticas, nos dá uma visão completamente diferente das possibilidades de uso tanto de uma, como de outra”, ressalta.

Conferir o olhar de cada artista sobre as tradições juninas faz com que o público desfrute de um importante momento de reflexão a respeito de sua própria cultura. A “Coletiva Junina 2009” ficará em cartaz na galeria Álvaro Santos até o dia 30 deste mês e sem dúvida é um excelente programa. Na verdade, como evidenciam as fotocomposições de Adriana Hagenbeck, um prato cheio.

sábado, 6 de junho de 2009

Bailarinos se reúnem no 1º Festival Nacional de Dança de Aracaju

Neste fim de semana, o Teatro Tobias Barreto sedia o 1º Festival Nacional de Dança de Aracaju. A oportunidade de grupos de dança mostrarem seus trabalhos e seus potenciais. Ainda, de quebra, adquirirem um aprimoramento técnico.

O Festival funciona com mostras e competições coreográficas, além de oficinas, todos nas modalidades de balé clássico, dança contemporânea e jazz. As oficinas já estão ocorrendo desde o dia 4 deste mês, ministradas pelos conceituados Júnior Oliveira (que faz parte da produção do evento) e Matias Santiago, ambos de Salvador-BA. E, no transcorrer destas, é montada uma coreografia clássica, outra contemporânea, como também um jazz, com as alunas participantes.

No domingo, a partir das 15h, o palco do TTB apresentará o resultado do festival. Primeiramente, haverá a participação de uma bailarina convidada (Fernanda Hurbath), dando início ao concurso coreográfico de solos de bailarinos(as) e de grupos de dança. Na sequência, acontecerá a mostra do que foi trabalhado nas oficinas para, em seguida, serem entregues os prêmios aos três primeiros colocados, em cada categoria da competição.

O evento é indubitavelmente o primeiro. Nunca antes, na história da dança em Sergipe houve semelhante com competições. À frente da produção, a também bailarina Klely Perelo admite que, desde sua vinda à Aracaju, em 2007, planejava, juntamente ao amigo e colega Júnior Oliveira, organizar apenas oficinas de dança. Porém, “a coisa foi aumentando para uma mostra, depois para um concurso até que no início deste ano resolvemos passar de oficina a festival”, brinca Klely, que em julho de 2008, ingressou como substituta no corpo docente da Licenciatura em Dança da Universidade Federal de Sergipe (UFS), citando esse ser um ponto que facilitou a concretização do seu projeto.
Veja aqui um breve currículo dos produtores, professores e bailarina convidada:

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Romaria ao padre Cícero é tema de exposição fotográfica na Semear

Por Lucas Silva

Devoção, fé, crendice popular e muita religiosidade. Esses são alguns dos aspectos que podem ser percebidos nas imagens captadas pelas lentes do fotógrafo Alejandro Zambrana. Natural de São Paulo hoje mora e trabalha em Aracaju e abre sua primeira exposição individual na cidade. Intitulada ‘Romeiros de Fé’ a exposição encartada pela Sociedade Semear foi aberta ao público nesta terça-feira, 26, e continua em cartaz na Galeria Janner Augusto, espaço cultural da Sociedade, até o dia 16 de junho.

A ideia de fazer um ensaio sobre a romaria ao padre Cícero Romão Batista emJuazeiro do Norte no Ceará surgiu como projeto de conclusão de curso do fotografo. “Eu já fotografa e também trabalhava com fotografia e sempre tive curiosidade em conhecer de perto essa manifestação da religiosidade popular”, diz o fotógrafo Zambrana, afirmando que aliado a esse desejo havia a necessidade de fazer o trabalho de conclusão do curso de Radio e Tv, resultando numa oportunidade ímpar de conciliar os dois projetos.

O projeto do ensaio foi contemplado no edital BNB Cultural 2008 Artes Visuais e fomentou o trabalho e resultou nessa exposição, que conta com o apoio do Banco do Nordeste. Composta por 30 fotografias em cromo que exploram a movimentação dos romeiros em peregrinação ao padre Cícero na cidade de Juazeiro do Norte, a exposição surpreendeu os visitantes que foram conferir.

“São realmente belas as fotografias do Zambrana. Ele conseguiu registrar momentos cotidianos conferindo a eles uma estética artística”, comenta o estudante Eduardo Lordelo, ao deparar-se pela primeira vez com o trabalho de Zambrana. Após conferir os trabalhos expostos a psicóloga Roberta Malta disse ter ficado impressionada com a qualidade das fotografias. “Algumas dessas imagens se olhadas a distancia dão a impressão de serem pinturas feitas à mão. Isso mostrar a capacidade técnica do fotografo e a sua habilidade enquanto artística”, salientou Roberta.

Instante maior da devoção dos católicos ao padre Cícero, a romaria representa também uma manifestação da cultura popular do nordeste brasileiro. Atraindo milhões de pessoas todos os anos que vão pedir bênçãos e pagar promessas ao ‘santo’, além de conhecerem a cidade, a romaria fascinou o fotografo Zambrana. “O que mais me impressionou nesse trabalho foi a fé do povo”, diz Alejandro, ao falar das três viagens que fez a Juazeiro para conhecer e fotografar o lugar e as pessoas que se dirigem até lá para depositarem sua fé.

Próxima exposição

Embora a data ainda não esteja marcada, Zambrana revela que outro projeto elaborado por ele foi contemplado no Edital BNB Cultural 2009, que aborda a manifestação dos Lambe-Sujos Caboclinhos em Laranjeiras, cidade histórica à 20 km de Aracaju. “Uma parte desse trabalho dos Lambe-Sujos eu já expus no Rio de Janeiro. Agora vou dar continuidade ao projeto e em 2010 haverá outra exposição como resultado do Edital”, explica ele.

Para conhecer mais um pouco o trabalho desse artista acesse o link de sua página na internet onde ele compartilha em álbuns algumas de suas fotografias.

Número Um

Como esta é primeira postagem, reservo a ela a função de explicar o porque deste blog. Ele surge como espaço de experimentação atendendo inicialmente a duas necessidades: compor parte das atividades da disciplina Laboratório em Jornalismo Online II, da graduação em Jornalismo pela Universidade Federal de Sergipe e, num segundo momento, suprir uma demanda de cobertura jornalística dos fatos que acontecem na esfera cultural de Aracaju por parte dos impressos locais, funcionando como um canal a mais de cobertura.

A idéia principal é construir relatos jornalísticos a partir de fatos e eventos que estejam relacionados ao universo das artes plásticas, da música, da dança, da literatura, do teatro, enfim da produção cultural de forma geral. O formato notícia prevalece como gênero jornalístico em relação aos demais, podendo haver a publicação de entrevistas, reportagens, perfis, opiniões, artigos e comentários. Sua periodicidade não será diária, ocorrerá atualização duas vezes por semana, no mínimo.

Pensamos estar contribuindo de alguma forma para divulgação e difusão das expressões artísticas e culturais de nosso estado, criando, desse modo, um ambiente propício ao debate destas ideias. Espero que vocês, leitores, comentem. Deixem suas sugestões de pauta. Participem e adicionem este blog aos seus favoritos. Encerra-se aqui o editorial número um do Informe Cultural.